sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Flor

Sempre fui muito apaixonada por Los Hermanos. As músicas e melodias me tocam de uma maneira muito profunda. Enxergo ali questões sentimentais e existenciais sendo tratadas de uma forma delicada e abrangente. Resumo da Ópera: Adoro!
Assim que houve o anúncio da turnê em comemoração aos quinze anos da banda, me animei diante da possibilidade de reviver a catarse de cantar a plenos pulmões, minha música favorita: "A Flor". Esta música fala de alguém que perdeu o seu amor para outro alguém, cantada por Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo juntos, sob uma melodia que se altera entre o melódico e o explosivo.

Fui ao show do Los Hermanos. Pulei e 'gritei' a música com a empolgação de uma criança que experimenta a cama elástica pela primeira vez. Éramos muitos com a mesma vibração, na mesma sintonia. Foi mágico, lindo. O fim da noite não foi dos melhores, mas o show valeu mesmo assim.




Mas, hoje, preciso admitir que estou cansada de ter esta música como trilha sonora. Muito cansada das repetições tristes, das desilusões anunciadas, da mágoa contida, do choro escondido. Eu acreditei que ela pertencia ao passado, com a lembrança de uma situação que eu não viveria novamente. Ledo engano: "A Flor" voltou, trazendo seus espinhos e reabrindo as minhas feridas.

A Flor
Ouvi dizer
Do o teu olhar ao ver a flor
Não sei por que
Achou ser de um outro rapaz
Foi capaz de se entregar
Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim
Mas mesmo assim...
Minha flor serviu pra que você
Achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu...

Tua flor me deu alguém pra amar
E quanto a mim?
Você assim e eu, por final sem meu lugar
E eu tive tudo sem saber quem era eu...
Eu que nunca amei a ninguém
Pude, então, enfim, amar...vai!



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Uma carta

Cara amiga Juliana, 

Não é de hoje que te conheço. Por mais que em alguns momentos, suas atitudes não condigam com a sua personalidade, no geral você tem se mostrado uma pessoa como eu sonhava ser: alegre, espontânea, honesta, justa, leal e, sobretudo, forte. Muito forte. Sou testemunha ocular e auditiva de tudo que você passou ao longo desses trinta e dois anos de vida. 

O que me fez escrever esta carta é o seu momento, agora. Percebo que, talvez, por um excesso de altivez, orgulho, presunção, prepotência ou arrogância, você passou por muitas coisas calada. Permanecendo aparentemente intacta diante da mais terrível turbulência, engolindo a seco e com um grande sorriso o que poderia desmoronar muitos dos que conhecemos. Nestas circunstâncias eu quis me mostrar, aparecer aos olhos de todos. Porém você me ocultou, apenas permitia a minha chegada quando ninguém estivesse por perto. No seu quarto de madrugada. E agora você se vê em uma encruzilhada onde poderá seguir a sua trajetória mantendo o comportamento usual: a aparente fortaleza; ou você quer se mostrar como realmente é: com todas as mágoas, tristezas, decepções e pedidos de ajuda como qualquer ser humano.

Pois tenho uma triste notícia pra te dar: você é um ser humano. Não é um personagem, não é a "Wonderwoman". Quero deixar claro que nunca pedi isso a você! Nunca quis que você fosse diferente de qualquer outra mulher. E não sei por quê você vestiu essa  armadura de ferro (definitivamente ela não lhe cai bem). Mas também preciso dizer que você está resolvendo as coisas (ou tentando fazê-lo) de forma errada. 

É muito difícil depois de tanto tempo, conseguir transformar o que já foi respaldado através de palavras e atitudes. As pessoas ao seu redor já têm opinião formada sobre você. Então aqui vai o meu conselho: siga o caminho do meio. Não é fácil buscar o equilíbrio em meio a sentimentos tão antagônicos, com pensamentos paradoxais e atitudes contraditórias. Mas não se preocupe. Eu sei que o seu maior medo é se sentir vulnerável, fraca, frágil, passível de ser ferida. Mas o que mais nos diferencia dos robôs, por exemplo?

Então não culpe as pessoas por não te enxergarem como você realmente é. Se assim o fazem, é porque assim você se mostrou.  Ninguém é obrigado a enxergar a sua alma se você faz questão de escondê-la, né? 



Sei que sou apenas uma criança, uma menina. E sei que vou permanecer assim pra sempre: sem conhecer o mundo adulto e todas as suas neuroses. Mas TE conheço e desejo pra você tudo de melhor, mais que qualquer outra pessoa. 

Um beijo, com muito carinho. E uma fotinho pra você lembrar de mim. 

Tina.  










segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Odalisca Andróide

Assisti ao vídeo de Maria Bethânia declamando uma poesia, escrita pra ela, e logo após cantando a belíssima "Tocando em frente". Fiquei com lágrimas nos olhos. Acho que ando meio à flor da pele. 

Odalisca Andróide

"Eu estou sempre aqui, olhando pela janela. 
Não vejo arranhões no céu nem discos voadores.
Os céus estão explorados mas vazios. 
Existe um biombo de ossos perto daqui. 
Eu acho que estou meio sangrando. 
Eu já sei, não precisa me dizer. 
Eu sou um fragmento gótico. 
Eu sou um castelo projetado. 
Eu sou um slide no meio do deserto. 
Eu sempre quis ser isso mesmo. 
Uma adolescente nua, que nunca viu discos voadores, 
e que acaba capturada por um trovador de fala cinematográfica. 
Eu sempre quis isso mesmo: armar hieróglifos 
com pedaços de tudo, restos de filmes, gestos de rua, 
gravações de rádio, fragmentos de tv.
Mas eu sei que os meus lábios são transmutação 
de alguma coisa planetária. 
Quando eu beijo eu improviso mundos molhados. 
Aciono gametas guardados. 
Eu sou a transmutação de alguma coisa eletrônica. 
Uma notícia de saturno esquecida, 
uma pulseira de temperaturas, um manequim mutilado, 
uma odalisca andróide que tinha uma grande dor, 
que improvisou com restos de cinema e com seu amor, 
um disco voador..." 

(Fausto Fawcett)



sexta-feira, 8 de julho de 2011

Minha Luz

Hoje parei para reler o último texto que postei aqui no blog. Lá se vai mais de um ano desde que refleti sobre a minha vida e o meu futuro. Muitas coisas acontecerem ao longo desse tempo, tantas que não cabem em um só post. Mas analisando minhas palavras, concluo que estava passando por um momento de preparação para a maior felicidade da minha vida: ser mãe.

Os temidos trinta anos passaram e já tenho trinta e dois. Tendo como companhia a consciência de que vivi com intensidade todos os momentos que tive! Ao longo dessa jornada tive alegrias e tristezas, grandes e pequenos amores, paixões platônicas e correspondidas, desilusões, esperanças, comunhão e solidão. Mas nenhum deles se compara em tamanho ou força à experiência de ser mãe. E nenhum sentimento pode ser comparado ao amor que sinto pela minha menina.

Ao olhar para ela pela primeira vez, tive a certeza de que estou trilhando o caminho certo. Aquele que foi traçado antes do meu encarne e que, apesar de alguns desvios, está seguindo o rumo a que me foi destinado. Falei em momentos de felicidade! Sem imaginar que o maior deles ainda estaria por vir: O nascimento da minha filha, a luz que veio clarear a estrada da minha vida, Ana Clara.





segunda-feira, 10 de maio de 2010

Celebração


Após uma longa pausa na postagem de textos, eis que volto ao mundo cibernético literário para compartilhar minhas impressões e expressões. Volto a escrever, desta vez no auge dos trinta anos. Com visões e reflexões condizentes à minha idade e às experiências acumuladas ao longo destas três décadas de vida.

Uma das coisas que aprendi nos últimos meses é que a felicidade é um momento efêmero, assim como a tristeza. E a cada uma das emoções que sentimos, precisamos nos entregar sem pensarmos no passado ou no futuro. Saltar de alegria ou cair num poço de melancolia profunda é o que nos torna humanos. Tentar organizar, planejar e arquitetar os rumos de nossas vidas, nos reduz a máquinas e tira a importância de nossas paixões. Com diz John Lennon "Vida é o que acontece enquanto você faz planos". E quem sou eu para discordar?

Por isso, esta balzaquiana que vos escreve celebra através deste post as surpresas que a vida sempre lhe proporcionou, as situações inusitadas, as decepções não esperadas, os caminhos não planejados, as decisões pensadas e impensadas, os arrependimentos por muitas ações, a alegria de perceber que tudo isto foi necessário para que eu me transformasse na mulher que sou hoje e, sobretudo, a fé no futuro. Sempre!!!



terça-feira, 4 de agosto de 2009

Enquanto isso, na estacao de Tottenham Court Road...

...um musico toca 'Hey Joe' para os maratonistas do cotidiano.


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sou apenas uma latino-americana

Cheguei a Heathrow. Como de costume, fui parada logo na saida da aeronave. Um oficial me levou para um canto e perguntou sobre o tempo da minha estadia. Apos mostrar minha passagem de volta ao Brasil, fui liberada e encaminhada para a longa fila da imigracao. Tinha em maos as copias das passagens correspondentes aos vistos carimbados em meu passaporte. Ida e volta. A minha intencao era exatamente provar que respeitei todos os prazos estipulados pela imigracao inglesa. Tinha ainda os documentos que comprovam que estudo e que ha motivos (alem de morar na cidade maravilhosa de um pais tropical abencoado por Deus) para que euvolte ao Brasil.

Depois de uns 30 minutos, sou chamada ao guiche. Fui entrevistada por um senhor de cabelos brancos, oculos e tique nervoso na boca. Ele analisava os meus documentos e me fazia perguntas sem se importar muito em olhar pra mim. Apos responder todas prontamente, fui informada de que precisaria prestar maiores esclarecimentos. Ate ai, tudo bem... se quisesse perguntar mais, estaria disposta a responder. Mas nao foram apenas perguntas...

A detencao durou mais de 3 horas. Eu fui revistada, minhas malas foram revistadas, tiraram minha foto e impressoes digitais. Nunca estive em nenhuma situacao parecida em quase 30 anos de vida. Nunca me senti daquela forma. Wayne tambem foi chamado e interrogado sem que eu soubesse. Fiquei detida em uma sala com outras duas mocas. Quando entrei nao nos falamos ou nos olhamos. Nao sei exatamente por que. Mas talvez a sensacao de constrangimento nos levasse ao silencio absoluto.

Assim como fui questionada sobre os motivos que me trouxeram aqui, comecei a questionar os motivos que levaram os oficiais a colocarem nos tres na mesma sala, na mesma situacao: Eramos tres mulheres jovens, viajando sozinhas e somos de origem latina. Eureka!!!

Nossa detencao era derivada da possibilidade de nos fixarmos aqui no Reino Unido, de fazermos parte da massa de imigrantes ilegais que povoa Londres. Nao posso responder por elas, mas afirmo categoricamente que nao era esta a minha situacao.

Apesar do incoveniente da situacao, nao nego que fui muito bem tratada pelos oficiais. Sucos, sanduiches, biscoitos, lencos de papel para enxugar as lagrimas. Acredito que isto seja uma forma de atenuar o desconforto ao qual estavamos expostas. Apos algumas horas, o velhinho que me entrevistou surgiu na porta da sala. Nao consegui conter o meu olhar de raiva. Aaah se meu olhar tivesse laser...

Ele olhou pra mim com uma docura antagonica a arrogancia anterior e pediu que eu nao o olhasse assim, que nao ficasse chateada... disse estava apenas fazendo o seu trabalho. Falou que me liberaria e me deu um documento dizendo que eu estive detida por causa de um paragrafo de alguma lei que eu nao sei qual e.

Antes que saisse, entraram dois homens. Ficariam detidos na mesma salinha... Pensei que talvez tivesse julgado mal os oficiais. Nao eram apenas mulheres jovens e latinas. Detiveram homens jovens tambem. Antes que, mentalmente, me punisse por acreditar que era vitima de preconceito, um deles me perguntou: 'Are you brazilian?' Diante da minha resposta afirmativa, ele disse: Eu tambem sou! O outro homem era mexicano.