quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Uma carta

Cara amiga Juliana, 

Não é de hoje que te conheço. Por mais que em alguns momentos, suas atitudes não condigam com a sua personalidade, no geral você tem se mostrado uma pessoa como eu sonhava ser: alegre, espontânea, honesta, justa, leal e, sobretudo, forte. Muito forte. Sou testemunha ocular e auditiva de tudo que você passou ao longo desses trinta e dois anos de vida. 

O que me fez escrever esta carta é o seu momento, agora. Percebo que, talvez, por um excesso de altivez, orgulho, presunção, prepotência ou arrogância, você passou por muitas coisas calada. Permanecendo aparentemente intacta diante da mais terrível turbulência, engolindo a seco e com um grande sorriso o que poderia desmoronar muitos dos que conhecemos. Nestas circunstâncias eu quis me mostrar, aparecer aos olhos de todos. Porém você me ocultou, apenas permitia a minha chegada quando ninguém estivesse por perto. No seu quarto de madrugada. E agora você se vê em uma encruzilhada onde poderá seguir a sua trajetória mantendo o comportamento usual: a aparente fortaleza; ou você quer se mostrar como realmente é: com todas as mágoas, tristezas, decepções e pedidos de ajuda como qualquer ser humano.

Pois tenho uma triste notícia pra te dar: você é um ser humano. Não é um personagem, não é a "Wonderwoman". Quero deixar claro que nunca pedi isso a você! Nunca quis que você fosse diferente de qualquer outra mulher. E não sei por quê você vestiu essa  armadura de ferro (definitivamente ela não lhe cai bem). Mas também preciso dizer que você está resolvendo as coisas (ou tentando fazê-lo) de forma errada. 

É muito difícil depois de tanto tempo, conseguir transformar o que já foi respaldado através de palavras e atitudes. As pessoas ao seu redor já têm opinião formada sobre você. Então aqui vai o meu conselho: siga o caminho do meio. Não é fácil buscar o equilíbrio em meio a sentimentos tão antagônicos, com pensamentos paradoxais e atitudes contraditórias. Mas não se preocupe. Eu sei que o seu maior medo é se sentir vulnerável, fraca, frágil, passível de ser ferida. Mas o que mais nos diferencia dos robôs, por exemplo?

Então não culpe as pessoas por não te enxergarem como você realmente é. Se assim o fazem, é porque assim você se mostrou.  Ninguém é obrigado a enxergar a sua alma se você faz questão de escondê-la, né? 



Sei que sou apenas uma criança, uma menina. E sei que vou permanecer assim pra sempre: sem conhecer o mundo adulto e todas as suas neuroses. Mas TE conheço e desejo pra você tudo de melhor, mais que qualquer outra pessoa. 

Um beijo, com muito carinho. E uma fotinho pra você lembrar de mim. 

Tina.  










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