terça-feira, 4 de agosto de 2009

Enquanto isso, na estacao de Tottenham Court Road...

...um musico toca 'Hey Joe' para os maratonistas do cotidiano.


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sou apenas uma latino-americana

Cheguei a Heathrow. Como de costume, fui parada logo na saida da aeronave. Um oficial me levou para um canto e perguntou sobre o tempo da minha estadia. Apos mostrar minha passagem de volta ao Brasil, fui liberada e encaminhada para a longa fila da imigracao. Tinha em maos as copias das passagens correspondentes aos vistos carimbados em meu passaporte. Ida e volta. A minha intencao era exatamente provar que respeitei todos os prazos estipulados pela imigracao inglesa. Tinha ainda os documentos que comprovam que estudo e que ha motivos (alem de morar na cidade maravilhosa de um pais tropical abencoado por Deus) para que euvolte ao Brasil.

Depois de uns 30 minutos, sou chamada ao guiche. Fui entrevistada por um senhor de cabelos brancos, oculos e tique nervoso na boca. Ele analisava os meus documentos e me fazia perguntas sem se importar muito em olhar pra mim. Apos responder todas prontamente, fui informada de que precisaria prestar maiores esclarecimentos. Ate ai, tudo bem... se quisesse perguntar mais, estaria disposta a responder. Mas nao foram apenas perguntas...

A detencao durou mais de 3 horas. Eu fui revistada, minhas malas foram revistadas, tiraram minha foto e impressoes digitais. Nunca estive em nenhuma situacao parecida em quase 30 anos de vida. Nunca me senti daquela forma. Wayne tambem foi chamado e interrogado sem que eu soubesse. Fiquei detida em uma sala com outras duas mocas. Quando entrei nao nos falamos ou nos olhamos. Nao sei exatamente por que. Mas talvez a sensacao de constrangimento nos levasse ao silencio absoluto.

Assim como fui questionada sobre os motivos que me trouxeram aqui, comecei a questionar os motivos que levaram os oficiais a colocarem nos tres na mesma sala, na mesma situacao: Eramos tres mulheres jovens, viajando sozinhas e somos de origem latina. Eureka!!!

Nossa detencao era derivada da possibilidade de nos fixarmos aqui no Reino Unido, de fazermos parte da massa de imigrantes ilegais que povoa Londres. Nao posso responder por elas, mas afirmo categoricamente que nao era esta a minha situacao.

Apesar do incoveniente da situacao, nao nego que fui muito bem tratada pelos oficiais. Sucos, sanduiches, biscoitos, lencos de papel para enxugar as lagrimas. Acredito que isto seja uma forma de atenuar o desconforto ao qual estavamos expostas. Apos algumas horas, o velhinho que me entrevistou surgiu na porta da sala. Nao consegui conter o meu olhar de raiva. Aaah se meu olhar tivesse laser...

Ele olhou pra mim com uma docura antagonica a arrogancia anterior e pediu que eu nao o olhasse assim, que nao ficasse chateada... disse estava apenas fazendo o seu trabalho. Falou que me liberaria e me deu um documento dizendo que eu estive detida por causa de um paragrafo de alguma lei que eu nao sei qual e.

Antes que saisse, entraram dois homens. Ficariam detidos na mesma salinha... Pensei que talvez tivesse julgado mal os oficiais. Nao eram apenas mulheres jovens e latinas. Detiveram homens jovens tambem. Antes que, mentalmente, me punisse por acreditar que era vitima de preconceito, um deles me perguntou: 'Are you brazilian?' Diante da minha resposta afirmativa, ele disse: Eu tambem sou! O outro homem era mexicano.

Maratonista



Na tarde de terca-feira, 21 de julho, comecava minha batalha eterna contra o relogio. Ainda nao sei que misterio e este que envolve os numeros. So posso dizer que eles entram na minha vida sempre pra atrapalhar... Sao os horarios que nao consigo seguir, o dinheiro que nunca e suficiente, a conta do bar que sempre me enrola. Mas enfim... deixando minhas dificuldades matematicas para um outro momento, comeco a falar sobre a minha quarta viagem a 'Terra da Rainha'.

Atrasadissima, como sempre, corria pelas ruas de Ipanema na esperanca de comprar cigarros baratos. Me senti uma maratonista ou coisa assim, passando o bastao para o atleta com pernas longas que estava ao meu lado, o que obviamente lhe dava enorme vantagem. 'Corre Juliana' dizia um solicito amigo, chamado Octavio, que foi testemunha dos meus esforcos, quase frustrados, em chegar ao aeroporto em tempo. Mas o primeiro obstaculo foi superado.

Por fim, consegui chegar ao Galeo sem maiores problemas. Check-in feito, despedidas realizadas... O primeiro obstaculo da maratona fora superado. Entrei no aviao sem ser a ultima a embarcar. Depois de rezar muito, como e meu costume, comecei a pensar na proxima fase da jornada...

O segundo obstaculo seria o longo voo: mais de 13 horas ate chegar a Inglaterra. Ao longo de tanto tempo, tudo o que voce quer e fazer o tempo passar um pouco mais rapido. E pra isso, vale tudo: apertar todos os botoes da poltrona, tocar o monitor que esta a sua frente trinta vezes e conhecer todas as opcoes de entretenimento, olhar as revistas com promocoes da Duty-free mesmo que voce nao compre nada, tentar dormir e ser acordada pela pela pessoa que quer ir ao banheiro, olhar o mapa virtual para saber qual localidade esta sobrevoando, tentar ler o livro que acabou de comprar. Mas nao adianta. Os numeros continuam tornando a viagem longa. As horas nao passam... neste momento voce se sente 'Alice no pais das maravilhas' onde tudo o que e grande fica pequeno. Os pes estao enormes e a cadeira confortavel, mais parece aquelas cadeiras de manicure. Tudo o que voce pensa e: ' Nao vejo a hora de chegar em Londres, preciso de um banho e de comida decente!' Nao imaginava que o terceiro e maior obstaculo desta maratona estaria por vir.


Sem acento e sem cedilha



Depois de algum tempo tentando imaginar como seria atualizar o meu blog sem o meu querido teclado brasileiro, deixei de lado a vergonha em escrever. Resolvi dar mais valor a mensagem.

Nao, nao me inspirei em Paulo Coelho e sua colecao de ataques ao bom uso da Lingua Portuguesa!

Calmaaaa!!! Quero deixar claro que respeito as escolhas de cada um em ler o que quiser. Eu mesma li muitos de seus livros na adolescencia. Apenas lembrei de um trabalho do ensino medio cujo objetivo era apontar os erros ortograficos encontrados no livro 'O Alquimista'.

Diante da minha atual dificuldade em escrever corretamente textos em minha lingua, me sinto ate um pouco solidaria ao mago. Talvez ele tenha escrito alguns de seus livros em condicoes parecidas com as minhas: em um teclado configurado para o ingles.

Enfim... depois de todo este rodeio, so quero pedir desculpas pelos textos que ainda escreverei. Isso mesmo... acabei de escerever um post so pra pedir perdao pelos outros que virao. Todos eles ficarao tanto ou mais estranhos que este. Mas acredito que seja valido colocar aqui as minhas impressoes assim mesmo...sem acento e sem cedilha...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Amigos

Esta semana, em uma das minhas noites insones, finalmente assisti à adaptação do best-seller “O caçador de pipas”, do escritor afegão Khaled Hosseini. Sei do enorme sucesso que o livro fez ao redor do mundo (mais de 8 milhões de exemplares vendidos), mas não sabia exatamente o enredo. Lembro da polêmica em torno da estréia do filme: O longa teve a exibição proibida pelo governo afegão, os três atores principais saíram do país por medo de represálias, enfim...uma série de coisas que poderiam aguçar minha curiosidade sobre o tal “ O caçador de pipas”. Mas não foi assim que aconteceu. Assisti ao longa, completamente atrasada.


O filme retrata uma realidade sobre a qual não tenho nenhuma propriedade para falar. Se aquele quadro foi pintado em cores sóbrias ou berrantes, não terei como julgar. Sem dúvidas, o longa apresenta cenas fortes, principalmente com relação à violência com crianças e mulheres. Apesar do horrores que foram mostrados, é necessário lembrar que ali está o ponto de vista de um homem que nasceu lá, mas hoje é cidadão estadunidense. E, como sabemos, a verdade tem três lados: a de um, a do outro e aquela que nunca conheceremos. Então saio do campo das conjecturas e começo a falar sobre as minhas impressões.


Sem nenhum medo de parecer piegas, fiquei muito tocada pela história de amizade entre Hassan e Amir. Quem me conhece sabe que, dependendo da época do mês, choro até com comercial de margarina. Mas não acredito que seja o caso! A amizade mostrada no filme atinge seu nível mais intenso, beirando a devoção. Sua face mais mesquinha também está exposta. Mas, ainda assim, coroada pela redenção.


Pensei nos meus amigos. Ai como é bom ter vocês na minha vida. Todos sabem que sou filha única., mas sou abençoada por irmãos maravilhosos. São MEUS. Porque eles me escolheram e eu os escolhi. Porque não nos escolhemos, mas desde que nos conhecemos, estamos juntos. Porque nem sempre estamos juntos, mas quando estamos é como se nunca tivéssemos nos separado. Porque eu conto com eles e eles comigo. Porque não temos laços sangüíneos ou saímos do mesmo ventre, mas nos pertencemos. Simples assim!


Resumindo a ópera, só queria dizer uma coisa: Amo vocês, amigos!


quarta-feira, 8 de julho de 2009

É verdade

Quando eu disse que éramos milhões tentando fazer o "moonwalk", não imaginava que teria a prova do que estava falando. Aqui vai:

http://www.eternalmoonwalk.com/

É... this is it...

O rei do pop se foi. Mas ninguém conseguirá tirar a sua coroa. Hoje assistimos ao fim da saga de um dos maiores artistas do planeta. A vida e a morte de Michael Jackson são um marco. Digo isto porque o seu sucesso jamais será superado.

Michael Jackson era onipresente. Onde quer que você fosse, ele estava lá. Na música tema do programa da tarde, nos clipes exibidos no final do “Fantástico”, na primeira página do jornal sensacionalista, na rádio que teima em tocar baladas dos anos oitenta, nas meias brancas combinando com os sapatos pretos, no estilo dos cabelos “molhadinhos”, nas festas de flashback, nas tentativas frustradas de conseguir fazer o “Moonwalk”. Quando ouço “Thriller” ainda me vejo, em frente ao espelho, imitando os passos dos zumbis, tentando me equilibrar entre um rodopio e outro ou me assustando com as gargalhadas no final do clipe. Lembro quando peguei o disco “Bad” emprestado e não conseguia parar de ouvir. Devolvê-lo foi um parto com dor!!! Quantos de nós não passamos por isso? Eu respondo: Milhões!!!

Desde sempre ele está em nossas vidas. Mesmo que por osmose. Michael Jackson era um ícone da cultura de massa. Foi feito assim, se fez assim. O talento, esculpido pelos anos em que esteve na Motown, excedia a esfera sonora. A alta qualidade vocal foi aliada às tecnologias cinematográficas fez com que os clipes tivessem tratamento de superprodução. Ele revolucionou a indústria do entretenimento. Por este motivo afirmo que é impossível que outro artista consiga desbancar Michael Jackson.

O rei morreu exatamente quando a indústria fonográfica agoniza. As grandes gravadoras estão ruindo. Os números de vendas de discos caem mais e mais a cada ano. As pessoas simplesmente baixam pela internet aquilo que querem ouvir. Frente a isto, ninguém baterá os recordes de vendagem de centenas de milhões do rei do pop.

Os quarenta anos de carreira de Michael Jackson foram acompanhados pelos olhos e ouvidos atentos do mundo inteiro. Assistimos ao menino estreando nos programas de auditório, atingindo notas dificílimas e sendo transformado em desenho animado. Nos encantamos com o jovem que seguiu uma bem sucedida carreira solo e estourou todas as paradas de sucessos. Julgamos suas excentricidades e condenamos seus atos. Nos assustamos com a metamorfose a que ele se submeteu. Nos compadecemos pela exposição de seus traumas e fantasmas. Nos entristecemos pela sua morte.

Não sei se ele era hétero ou gay, branco ou negro, criança ou adulto. O que posso dizer é que ele fez e faz parte da minha vida. Afinal, sou da geração MTV, da época da fita-cassete, dos passinhos nas festas, das grande estréias mundiais de vídeo clipes. A carreira de Michael Jackson se confunde com todos esses símbolos de uma época, agora remota.

Não importa o que aprendi sobre sociedade da informação, sociedade do espetáculo, circo midiático ou olimpianos. MJ apareceu pra mim, muito antes que eu pudesse aprender sobre todas essas coisas.

Ele surgiu diante dos meu olhos quando eu ainda era aquela menina gordinha e desastrada que acompanhava fascinada as inovações que a TV me mostrava. Ele usava roupas com paetês, luvas bordadas e quando dançava me levava a uma espécie de catarse. Ahhh como eu queria saber fazer igual! Quantas vezes teimava em imitar o ídolo usando a escova de cabelo como microfone.

Essa garota ficou esquecida por um bom tempo. Mas quando ela começou a ouvir os primeiros acordes de "Beat it" a menina surgiu e lembrou do quanto ele foi importante na vida dela. E a mulher de quase 30 anos voltou a ser criança. E dançou no em frente a TV novamente e sorriu quando conseguiu acompanhar alguns dos passos que nem ela mesma lembrava.

Infelizmente (ou não!), ela não é a sucessora do Michael Jackson. Falta talento. Não sabe cantar ou dançar. Conseguir fazer moonwalk só na próxima encarnação, quando renascer num corpo com melhor coordenação motora!!! Mas ela gostava de escrever e se tornou jornalista.

Mas este texto não foi escrito por uma profissional da comunicação. Ele pertence àquela menina balofinha que hoje chora pela morte de seu ídolo. E eu sei que ela ficará esquecida durante algum tempo. Afinal, não há muito espaço pra ela no mundo adulto. Mas quando eu começar a ouvir os primeiros acordes de qualquer música do rei ela surgirá! E, sorridente, a menina dançará seus passinhos para fazer reverência à majestade:

R.I.P. Michael Jackson
Ass.: Tina